Há 22 anos atrás Mário Nascimento criou um grupo amador
chamado Canvas (curiosidade: por este grupo passaram algumas bailarinas muito
especiais, que se tornariam estrelas futuramente: Jacqueline Gimenes, que
depois se tornou bailarina do Grupo Corpo durante treze anos e Marisa Bucoff e Kênia Genaro, ambas se tornaram grandes bailarinas do Balé da Cidade de São
Paulo).
Bem, Mário criou um espetáculo infantil para este grupo,
chamado “Terra de Bonecos”. A trilha era do seu já parceiro, Fábio Cardia.
Desde que eu soube disso quis que o Mário remontasse este
trabalho para a Cia MN ou fizesse uma releitura.
Tivemos outros projetos aprovados, viagens, prioridades...
até que em 2017, com um momento extremamente difícil para o País e para a
cultura especificamente, dei um ultimato e disse que a hora de fazermos o
infantil era aquela. Após muitas conversas eu e Mário decidimos que eu faria a
direção e a coreografia da até então, releitura de “Terra de Bonecos”. Isso
seria muito estimulante para mim, como coreógrafa e também para os bailarinos,
pois a Cia MN nunca havia feito um trabalho infantil. Também seria a primeira
vez que outra pessoa iria assinar a direção e a coreografia de um trabalho na
Cia MN, o que não é comum em cias de dança criadas pelos próprios coreógrafos.
Eu e Mário, em 2016, já havíamos
dividido a direção de “Garrafa Enforcada”, o que me preparou e nos deu
confiança para que agora eu fizesse esse voo sozinha.
Comecei os laboratórios coreográficos em março de 2017 e logo
percebi que o trabalho não seria uma releitura de “Terra de Bonecos”, e sim,
algo totalmente inédito. Eu precisava de total liberdade para poder me arriscar
com o elenco em algo novo para nós. Decidi não usar trilha do Fábio Cardia,
pois o registro dele de parceria com o Mário já é muito forte e para encontrar
outros caminhos optei por eu mesma fazer uma compilação musical.
Pronto. Decidido tudo isso começamos um lindo processo de
montagem. Profundo, cuidadoso, delicado, onde senti total parceria e entrega de
cada um dos bailarinos: Eliatrice Gischewski, Fábio Costa, Ludi Ferrara, Dalton
Walisson, Jorge Ferreira, Débora Roots, Mari Chalfum e Rayanne Pires. E tivemos
todo o apoio do Mário com seu entusiasmo e incentivo para a realização deste
trabalho, que ganhou o nome de “Dança de Brinquedo”.
Rosa Antuña
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