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sábado, 16 de março de 2013

entrevista com Rosa Antuña no Centro Cultural Virtual

Confiram no link :
http://www.centroculturalvirtual.com.br/conteudo/rosa-antuna-entrevista

Artigos


Rosa Antuña - Entrevista

Rosa Antuña é bailarina intérprete, coreógrafa e diretora. A formação no clássico começou cedo, aos seis anos, e durante a trajetória fez cursos no Brasil, em Cuba e na Alemanha. Dançou no Primeiro Ato, na Mimulus e no Balé da Cidade de São Paulo. Uma série de contusões a fez a se afastar da dança em alguns períodos – ainda assim não abandonou a carreira artística, fez canto, teatro, deu aulas. Até que começou a trabalhar com a Cia Mário Nascimento, com a qual já tinha dançado no espetáculo Escambo. Nessa nova fase, como professora, ensaiadora e assistente de direção e de coreografia, foi voltando a dançar em seu tempo e ritmo, e que desaguou em Faladores, premiado espetáculo da Cia e da bailarina. Atualmente, continua fazendo cursos de teatro esporadicamente, estuda canto, coreografa, ministra aulas de Arte-Integrada, e tem carreira solo – os espetáculos Mulher Selvagem, em que alia a dança ao teatro, e O Vestido.

foto: Léo Drumond

O Brasil possui um elenco talentoso de bailarinos experientes, que integram ou integraram companhias de dança em várias partes do país. O Centro Cultural Virtual abre espaço para que esses artistas possam contar suas trajetórias e como veem a dança. Ao longo do ano serão publicadas várias entrevistas com bailarinos e bailarinas de diferentes regiões. Rosa Antuña conversou com o Centro Cultural Virtual Seráquê por email e fala sobre sua formação, revê sua trajetória, diz o que pensa sobre a dança, seus objetivos, seus projetos e muito mais.

É o que você confere aqui nesta entrevista exclusiva.


1ª Quando aconteceu, pela primeira vez, seu interesse pela dança?
Aos 6 anos, do nada, quando pedi à minha mãe pra eu voltar pro ballet (comecei aos 4 anos, mas achei que aquilo não era ballet e pedi pra sair. rsrs)


2ª Fale um pouco sobre sua trajetória.
Minha trajetória não foi fácil. Sempre cheia de altos e baixos. Mas sem dúvida, isso me fortaleceu.
Comecei como bailarina clássica. Sempre tive muitas lesões. Praticamente passei a vida fazendo fisioterapia, paralelamente ao ballet.
Estudei no Centro Mineiro, em BH, de Maria Clara Salles, que considero minha primeira mestra. Estudei em Cuba, no Centro Pro Danza e na Palucca Schule Dresden, na Alemanha.
Tive a sorte de ter tido grandes professores, como Mercedes Beltran, Laura Alonzo, Ofélia González, Graça Salles, Hans Tappendorff... Dancei muito repertório clássico, ganhei concursos...
Quando cheguei da Alemanha trabalhei no Grupo Primeiro ATO, depois voltei pro ballet clássico com Maria Clara... e em 2000 rompi o ligamento do joelho fazendo audição para o Grupo Corpo.
Foi quando tudo mudou. Foi muito difícil, pensei que não voltaria mais a dançar. Não fiz cirurgia. Tratei com Andrea Mourão, que me acompanha como fisioterapeuta desde que eu tinha 14 anos. Parei de dançar por um ano, dei aulas de ballet para crianças carentes, toquei maracatu, cantei côco, fui cuidar mais do meu espírito, meditar e tive muitos "anjos" que me ajudaram e continuam ajudando... e dali um ano Jomar Mesquita me convidou para substituir Juliana Macedo (que havia saído por um período), sua parceira na Mimulus. Fui e foi ótimo. Fiquei um ano, dancei bastante, recuperei minha confiança e saí. Sou muito grata a Mimulus, por terem me colocado no palco de novo.
A dança contemporânea começou a me chamar e fiz minha primeira coreografia para o CEFAR (escola de dança do Palácio das Artes). Foi quando conheci Mário Nascimento(2003) que me convidou para seu projeto ESCAMBO, com Prêmio do Itau Cultural. Foi ali o início de uma parceria de vida. Ele adaptou tudo o que eu precisava fazer em cena, pois eu tinha restrições por causa do joelho e da minha estrutura física que era bem frágil. E com isso, encontramos um caminho onde eu conseguia dançar.
E foi por causa de ESCAMBO que fui convidada, em 2005, para ir para o Balé da Cidade de São Paulo. A direção era de Mônica Mion, que foi maravilhosa! Fiz grandes amigos lá. Fiquei por um ano e meio, até machucar meu joelho de novo (numa aula de ballet...). Decidi voltar para BH e fazer a cirurgia. Eu sabia que minha recuperação seria complicada e por isso preferi pedir demissão.
Foram dois anos para me recuperar, fiquei muito deprimida (por 6 meses sonhava todas as noites que estava dançando). Foi um período escuro na minha vida. Por isso, para me manter sã, comecei a estudar pintura, canto e fiz dois períodos na faculdade de teatro UFMG (o que foi enriquecedor para minha carreira). Também fui chamada para dirigir um grande trabalho no CEFAR - Para os Filhos da Terra, dos Filhos das Estrelas (com todos os alunos da dança: 120, desde 6 anos de idade, até os formandos). Isso me manteve ocupada e produtiva. Coreografava sem poder mostrar nada. Aprendi a visualizar os movimentos sem precisar fazê-los. Aprendi a descobrir o movimento nos corpos dos bailarinos, como um escultor que enxerga a forma pronta num tronco de árvore.
Eu tinha certeza que não dançaria mais e já estava resignada. Era difícil conviver diariamente com bailarinos que dançavam livremente. Por um tempo isso me doía muito, mas fui aprendendo a ser útil como podia.
Então, trabalhando com a Cia Mário Nascimento como professora, ensaiadora e assistente de direção e de coreografia, fui voltando a dançar bem devagar e no meu ritmo... até vir Faladores (agosto 2008).
Daí para frente foi uma nova fase artística. Foi ali que comecei a dançar realmente. E até hoje continuo fazendo cursos de teatro qundo tenho tempo ( com Yara de Novaes, Roberta Carreri...), estudo canto, coreografo, tenho minha carreira solo, dou aula de Arte-Integrada... e vejo que tudo o que me aconteceu fez parte do meu treinamento para que eu soubesse porque estar em cena. Para que eu descobrisse o valor de estar no palco. Para que eu sentisse uma verdadeira gratidão por ser artista e saber que a Arte permite a seus artistas vários caminhos. E Mário Nascimento foi meu grande parceiro e incentivador. Ele não me deixou desistir em vários momentos onde eu havia deixado de acreditar. A ele eu agradeço do fundo do meu coração e da minha Alma.


3ª Que experiência foi a mais transformadora em sua trajetória?
Ter estudado em Cuba foi a experiência mais transformadora em minha trajetória. Eu tinha 18 anos e foi fundamental para a minha formação não apenas como bailarina, mas também como pessoa. Em Cuba eu aprendi a lutar. Aprendi a parar de reclamar. Aprendi a ter foco. Aprendi a aproveitar as oportunidades. Aprendi a dar valor ao que é essencial. Aprendi a ter paciência. Aprendi que esforço, treinamento e dedicação, trazem sim, um bom resultado. E o mais importante: aprendi o que é solidariedade.
Tive outras experiências transformadoras que foram : ter estudado em Dresden, na Alemanha, Ter dançado no Ballet da Cidade de São Paulo e ter feito ano passado o Palco Giratório do SESC, com a Cia Mário Nascimento.


4ª Quais são os objetivos profissionais a médio prazo, e como pretende atingí-los?
A médio prazo farei a estreia e circulação de meu novo solo autoral " O Vestido". Também farei a circulação com meu outro solo (que teve sua estreia em 2010) Mulher Selvagem. Estou dirigindo um novo trabalho para Jacqueline Gimenes, Christiane Antuña e Cris Oliveira (ainda está bem no início). Todos estes serão através de projetos de Lei de Incentivo a Cultura e editais de Festivais. Preciso encontrar uma empresa que me apoie numa parceria constante.
Fui convidada por duas atrizes de Brasília para dirigi-las num projeto lindo e delicado, com estreia no segundo semestre e fui convidada também para criar uma coreografia para a Cia de Dança Mitzi Marzzuti (Vitória) ainda para este semestre. Com a Cia Mário Nascimento farei a estreia de Nômade agora de 4 a 7 de abril em Belo Horizonte, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna e então circularemos pelo país, com o patrocínio da Petrobras.


5ª O que sonha para o profissional de dança no Brasil?
Eu quero que o profissional de dança no Brasil seja um realizador que rompe fronteiras. Eu quero que o profissional de dança no Brasil ouse, mude, seja corajoso e inovador. Quero que este profissional mova mundos. Quero que este profissional de dança expresse suas propostas com ousadia, clareza, criatividade e originalidade. Quero que este profissional acredite em si mesmo e em sua capacidade de ir além. Quero que todos se nivelem por cima, quero que os profissionais de dança no Brasil sejam uma referência no mundo por sua técnica, por seu swing, por seu pensamento crítico, por seu caminho inusitado e autoral, por sua competência. Eu quero que os profissionais de dança no Brasil sejam respeitados e reconhecidos no mundo, a começar por seu próprio país. Quero então que este reconhecimento comece por leis que facilitem a realização dos trabalhos. Quero que existam mecenas que deem dinheiro para os grupos e artistas da dança realizarem seus espetáculos, tournées e oficinas. Quero que todos tenhamos sede própria, subsidiada pelo governo. Quero que nós, profissionais da dança tenhamos condições financeiras para vivermos do nosso trabalho com a dança. Quero que o Brasil nos veja como seres fundamentais para o desenvolvimento cultural do país. E para isso, nós, profissionais da dança, devemos saber o quanto valemos. E o quanto é digno e fundamental nosso trabalho. E o apoio que queremos é justo e não um favor que fazem por nós. Que os patrocinadores tenham orgulho de patrocinar a dança. E que nós tenhamos dignidade para nos defender e lutar para termos direitos e apoios, sem burocratizar a Arte da Dança. Que sejamos respeitados como Artistas, a começar por nós mesmos.


6ª Como vc define a arte da dança?
A Arte da Dança... difícil definir... A dança conduz quem a pratica para estados sensoriais, emocionais, psicológicos, espirituais... a dança é a própria ponte que conduz aquele que dança às esferas mais sublimes em diversos níveis humanos e espirituais. A dança liberta o corpo, desbloqueia chakras e couraças emocionais. A dança integra grupos, pessoas... A Arte da Dança propõe novas formas de ver o mundo e de se "movimentar " no mundo. A dança nos faz romper as nossas próprias fronteiras. Propõe olhares mais sensíveis.
Para mim, a dança é a Arte do Sublime.


7ª Qual a importância da arte para a humanidade?
A Arte faz a humanidade caminhar, crescer, evoluir. A Arte ajuda a refletirmos sobre nós mesmos, ajuda a romper paradigmas, romper padrões de comportamento... A Arte nos ajuda a pensar, a sentir, a questionar. Ajuda a sair do nosso lugar confortável. A Arte nos leva para dentro de nós mesmos e nos ensina a nos conectarmos com o sublime.
E é ela, a arte, que nos revela em que ponto estamos em nosso entendimento humano, social, emocional e filosófico e assim, nos oferece a ponte (que cabe a nós atravessarmos ou não) para um nível mais profundo de consciência, discernimento e lucidez.

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